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domingo, 20 de setembro de 2009

O QUE É SURDOCEGUEIRA

O QUE É SURDOCEGUEIRA
Esta terminologia está sendo usada abandonando a palavra “surdo-cego” em defesa de que a condição imposta pela surdocegueira não é simplesmente a somatória de duas deficiências e sim uma dificuldade com características únicas que deve ser tratada de modo especial, pelas dificuldades que o surdocego tem para contatar o mundo e conseguir inserir-se nele (Legati-1995).

DEFINIÇÃO
É uma deficiência única, com graves perdas visual e auditiva combinadas. Essa condição leva a pessoa surdocega a ter necessidade de formas específicas de comunicação, para ter acesso à educação, lazer, trabalho, vida social, etc.” Não há necessariamente uma perda total dos dois sentidos.

TIPOS DE SURDOCEGUEIRA
- Cegueira congênita e surdez adquirida
- Surdez congênita e cegueira adquirida
- Cegueira e surdez congênita
- Cegueira e surdez adquirida
- Baixa visão com surdez congênita
- Baixa visão com surdez adquirida

ETIOLOGIAS (CAUSAS)

PRÉ NATAIS
-Rubéola
- Citomegalovírus
-AIDS
-Herpes
-Toxoplasmose
-Sífilis congênita
PERI NATAIS
- Prematuridade
-Falta de oxigênio
-Medicação ototóxica
-Icterícia

PÓS NATAIS
-Meningite
-Medicação Ototóxica
-Otite média crônica
-Sarampo
-Caxumba
-Diabetes
-Asfixia

CLASSIFICAÇÃO:

SURDOCEGO PRÉ-LINGUÍSTICO
Crianças que nascem surdocegas ou adquirem a surdocegueira em tenra idade, antes da aquisição de uma língua.
A criança surdocega pré-linguística apresenta graves perdas visuais e auditivas combinadas, não adquire uma imagem real do mundo em que vive; não pode aprender de imediato com as pessoas com as quais convive, o que estas fazem ou falam, provavelmente não saberá o que tem ao seu redor, o que se passa e nem sequer sabe que faz parte do mundo. Sua vida pode ser um caos, se não houver intervenção. Precisamos proporcionar a informação necessária de forma que algo tenha sentido para ela. Sem intervenção é provável que seu mundo seja seu próprio corpo, nada existindo fora de si mesmo e não existindo razão para explorar e comunicar-se (Grupo Brasil – Apascide, 2001).

SURDOCEGO PÓS-LINGUÍSTICO
Crianças, jovens ou adultos que apresentam uma deficiência primária (auditiva ou visual) e adquirem a outra, após aquisição de uma língua (Português ou Língua de sinais), como também ocorre aquisição da surdocegueira sem outros antecedentes.

FORMAS DE COMUNICAÇÃO

SURDOCEGO PRÉ-LINGUÍSTICO
-Objetos de referência e pistas
-Cadernos de comunicação
-Desenhos
-Gestos naturais
-Gestos indicativos
-Sinais adaptados
-Movimentos corporais
-Gestos contextuais
-Expressão facial

(Tadoma)
SURDOCEGO PÓS-LINGUÍSTICO
-Língua de Sinais tátil
-Língua de sinais em campo reduzido
-Alfabeto manual tátil
-Sistema braile tátil ou manual
-Escrita na palma da mão
-Tablitas alfabéticas
-Tadoma
-Leitura labial
-Escrita em tinta
-Materiais técnicos alfabéticos com retransmissão do braile
-Sistema malossi
-Língua oral amplificada

O DESENVOLVIMENTO SENSORIAL E PERCEPTIVO NA CRIANÇA SURDOCEGA
Crianças surdocegas tem dificuldade em comunicar-se. O mundo apresenta-lhes como algo caótico, desorganizado e potencialmente perigoso que as torna incapazes de se aventurarem na sua descoberta (Fox, 1985).
As limitações derivadas, quer de déficits sensoriais, quer de déficits neurológicos, dificultam o acesso à informação.
Por outro lado, as dificuldades de integração das várias informações sensoriais, num todo com sentido, fazem com que as limitações no conhecimento do mundo se tornem ainda maiores.
Se através da visão, a criança normal aprende a reconhecer o rosto da mãe quando esta se aproxima e a antecipar o movimento quando quer lhe pegar, para crianças surdocegas esta experiência revela-se, muitas vezes, uma ameaça potencial, pois não há informação sensorial que a prepare de forma eficiente para o que vai acontecer. O contato corporal torna-se deste modo muitas vezes desencadeador de choro e mal estar porque é sentido como perigoso. A criança fica dependente da informação tátil para poder dar-se conta do que vai acontecer. Só que essa informação não permite tempo suficiente para recebimento do estímulo. Este tempo, sempre presente no caso da informação auditiva e visual, dá a criança normal possibilidade para se organizar.
Algumas crianças tendem assim evitar o contato físico por não serem capazes de antecipar que uma determinada pessoa pode lhe proporcionar um contato agradável.
Este tipo de funcionamento ocasiona na mãe alguma dificuldade em relembrar ocasiões em que suas tentativas de contato físico com a criança tenham sido agradáveis, o que impede o estabelecimento de relações significativas, com repercussões em todo o desenvolvimento sócio-afetivo (Clark & Seifer, 1983).
Por seu lado, a falta de uma relação significativa origina, como se sabe, sentimentos de insegurança que dificultam qualquer investimento na exploração do ambiente.
A criança fica assim duplamente privada de possibilidade de aprendizagem: por um lado a insuficiente informação sensorial dificulta ou impede a apreensão de dados do ambiente, por outro lado, as suas dificuldades no estabelecimento de uma relação de segurança básica, associadas às deficiências sensoriais, dificultam-lhe o desenvolvimento da capacidade exploratória que lhe permitiria aprender dados novos sobre o ambiente em que está inserida.

A COMUNICAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS SURDOCEGAS
Muitas crianças surdocegas, não tem capacidade de desenvolver linguagem abstrata ou fala como modo de comunicação.
A comunicação deverá assim, ser a prioridade número um e o centro de toda a nossa intervenção com,indivíduos com este tipo de deficiência.
A comunicação melhora a qualidade de vida. Quanto mais severa for a deficiência, mais isolado pode se tornar o indivíduo. A comunicação liga os indivíduos ao mundo, torna-o capazes de estabelecer relações com outras pessoas, diminuindo assim o seu isolamento. Helen Keller disse que antes de poder comunicar-se era uma pessoa frustrada e confusa e a vida tinha pouco significado.
É essencial que todas as pessoas envolvidas no dia a dia de uma criança surdocega considerem a comunicação nesta perspectiva alargada. Comunicação é mais do que ser capaz de usar a fala ou mesmo de desenvolver linguagem.
A fala é apenas uma capacidade motora de expressão oral de elementos que nos serve como instrumento de transmissão da linguagem. Pode ser substituída por outros instrumentos como os gestos, a escrita ou sistemas gráficos. Para que seja funcional implica sempre o desenvolvimento subjacente da linguagem.
A linguagem é um sistema simbólico. È uma capacidade de usar um conjunto de regras que definem a estrutura do código utilizado. Este código varia em função da comunidade em que a pessoa está inserida.
Comunicar é mais do que ser capaz de falar ou de ter linguagem. A comunicação é um processo em que estão obrigatoriamente envolvidas pelo menos duas pessoas com uma vontade comum de troca de informação. Implica a capacidade de entender e produzir informação significativa para o outro.
Tanto professores como os pais precisam observar e responder a todas as formas de comunicação não simbólicas apresentadas pela criança. Estas podem ser apenas pequenos movimentos, riso, choro, apontar, dirigir o olhar para algum objeto, etc.
Por vezes alguns destes comportamentos não simbólicos, como levantar um braço ou o piscar de olhos pode ser, de início, não intencionais, mas é importante dar-lhe intencionalmente e responder-lhes para que a criança aprenda a usa-los significativamente. Em crianças com limitações graves de comunicação e atribuição de significados a comportamentos como estes pode significar-lhes, por exemplo, a capacidade de pedir mais ou de recusar alguma coisa, o que é um passo fundamental na sua qualidade de vida.
Vamos considerar três aspectos fundamentais relativamente à comunicação. Em primeiro lugar todas as crianças se comunicam, independentemente das suas dificuldades, sendo apenas necessário movimento para que se possa desenvolver a comunicação. Nenhum sistema de símbolos,isoladamente, serve às necessidades de todas as crianças. Cada criança deverá ser encorajada a usar vários modos de comunicação. Finalmente, todos os indivíduos têm direitos básicos de comunicação.

FONTE: http://dvsepedagogia.blogspot.com/

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