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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Falando de inclusão

Aprender com as Diferenças

Sandra Estêvão Rodrigues Licenciada em Psicologia, Mestra em Psicologia da Saúde, ambos os graus pela Universidade do Minho, Braga - Portugal.


O Patinho feio

O meu contributo para uma versão revista e ampliada

A D. Patiana chocou todos os seus ovos com o mesmo calor e por isso esperava todos os seus patinhos lindos e espertos. Mas um deles, ao qual chamou Patusco, não correspondia ao seu imaginário: era estranho, de cabeça achatada e uns olhos esbugalhados.

Quando mostrou os filhitos ao pai, o Sr. Patolino ficou muito desconfiado com a aparição daquele filho tão diferente. Disse à companheira que talvez ela tivesse dado uma escapadela com um pato turista. A D. Patiana ficou ofendida, era só o que lhe faltava, nascia-lhe um filho tão esquisito e ainda tinha que aguentar acusações. Pôs-se então a pensar se não teria havido alguma troca de uma das suas vizinhas de choco.

Quando percebeu que não conseguiria comprovar essa suspeita, começou a pensar que uma das patas que invejavam o seu companheiro talvez pudesse ter-lhe lançado uma maldição. E, mais uma vez, nada podia comprová-lo. Seria então algum castigo do Deus Patão por ela ter sido tão vaidosa? Ou seria um defeito genético passado de gerações anteriores e que agora se manifestava? Por mais que quisesse alguém ou alguma coisa a que atribuir as culpas, nada conseguia. Portanto, havia que assumir que era seu filho e cuidá-lo como aos outros. Mas custou-lhe muito. Chorou rios de lágrimas, sentiu-se traída pelo destino. Vendo o seu sofrimento, o Sr. Patolino concluiu que, em vez de passar a vida a discutir com a companheira, tinha era de estar do lado dela e decidirem juntos o que fazer para educar o Patusco.

Começaram por procurar a opinião do Dr. Patologista, que lhes comunicou que o Patusco tinha sofrido alterações no cromossoma 21, chamando-se a este problema “Síndrome de Down”. O que havia a fazer era estimulá-lo muito, ter mais paciência com os seus progressos e dar-lhe mimos, como a qualquer outro filho.

Assim apresentado o problema, aos pais não parecia tão difícil a situação. Porém, sofriam bastante quando saíam todos a passear e tinham de parar a cada instante para ouvir comentários de outros membros da sua comunidade: “oh, coitadinho deste patinho... que lhe sucedeu?”. Ou então: “ontem na rádio Patadas estavam a publicitar uma cura milagrosa na Patolândia! Não deveriam ir já lá?”. E ainda: “Não vamos deixar os nossos filhos brincar com esse pato esquisito... isso pode traumatizá-los!”. Por seu lado, os irmãos e familiares do Patusco andavam confusos e dividiam-se: uns tinham vergonha daquele parente, outros queriam fazer tudo por ele, até sufocá-lo de tantas atenções, mas também havia os que brincavam com ele, ajudavam quando era preciso e consideravam-no apenas mais um entre eles.

Apesar de demorar mais do que os irmãos a começar a andar e a grasnar, o Patusco ia progredindo no seu desenvolvimento. No entanto, devido à forma como muitas vezes era tratado, sentia-se demasiado diferente e andava cabisbaixo e solitário.

Chegou, então, a altura de ir para a escola. A D. Patiana foi apresentá-lo à professora, D. Patonga, que olhou para ele com um misto de curiosidade e apreensão, dizendo: “mas eu não posso aceitar esse patinho para a minha escola! É que eu não sei o que fazer com ele, nunca tive um aluno assim!”. Ao que a D. Patiana respondeu: “sabe, eu também nunca tinha tido um filho assim! Ninguém me preparou para isto, mas tenho aprendido!”. Perante estas palavras, a D. Patonga ficou sem argumentos e, balbuciando, disse que iria tentar e ver o que conseguia.

Logo que se comprometeu a incluir o Patusco na sua escola, a D. Patonga mantinha os mesmos objectivos para ele, mas experimentava várias estratégias, inventava actividades para todos participarem, chamava os pais para conversar. O Patusco tinha muitas dificuldades em aprender, por isso tinham de deixar que ele fosse até onde conseguia ir.

Entretanto, a mãe de um dos colegas falou à D. Patiana de uma sua vizinha que tinha uma filha com problemas parecidos aos do Patusco, mas que não ia à escola e era muito protegida. A D. Patiana foi conversar com a mãe, a D. Patelma. Esta, apesar de ter começado por perguntar para que serviria mandar a sua filha Patufa para a escola, acabou por se convencer que seria melhor enviá-la, para que se desenvolvesse junto com os outros.

Um dia, a D. Patonga chamou à escola outro professor que sabia bastante sobre a tal Síndrome de Down, podia falar-lhes sobre o assunto e ajudá-los nalgumas aprendizagens mais específicas. Foi assim que o Sr. Patosé conheceu aqueles pais e os pôs em contacto com outros que tinham filhos com o mesmo problema. Eles ficaram satisfeitos por perceberem que afinal havia outros nas mesmas circunstâncias, com quem podiam aprender como resolver algumas dificuldades. Organizaram vários encontros para conversarem sobre as suas dúvidas e, num deles, apareceram os pais de um colega de classe do Patusco que não aparentava qualquer dificuldade. Curiosos, perguntaram-lhes o que faziam ali, ao que responderam que todos podiam aprender uns com os outros as dificuldades de serem pais. Disseram ainda que estavam satisfeitos porque verificavam que o seu filhito estava mais crescido e solidário por conviver com patinhos diferentes.

Nas grandes festas Patoninas, D. Patiana sugeriu que convidassem o Patony, um cantor que tinha Síndrome de Down, para ir animar a festa e o jornal Bico de Pato foi lá fazer uma reportagem.

No dia seguinte, D. Patelma foi ter com a D. Patiana, levando o jornal, dizendo toda eufórica: “já viu, podíamos treinar a Patufa e o Patusco e quem sabe venham a ser assim famosos!”. A D. Patiana retorquiu um pouco indignada “já ouviu como os nossos filhos são desafinados a cantar o hino quá quá, como acha que vão agora tornar-se cantores? Eles saberão fazer outras coisas bem, mas cantar é que não! Sugeri o Patony porque gosto de o ouvir, especialmente aquela música da pata na poça!”. A D. Patonga, que se aproximava, meteu a sua bicada na conversa: “claro, claro, não temos de ter todos as mesmas dificuldades nem as mesmas competências.

Além disso, não é a deficiência que faz o Patony ser melhor cantor, nem deve ser essa a principal característica de alguém”. A D. Patiana rematou: “só faltava agora acreditar-se que uma deficiência torna os que a têm bonzinhos”. E contou-lhes a história de um pato que não andava e que tentava usar a pena que despertava nos outros a seu favor. Foi então que o Patusco declarou “eu sou diferente, mas quero ser igual a todos!”. E D. Patelma, com um ar sonhador, disse: ”então devia haver um lugar para cada um de nós, independentemente de como sejamos fisicamente...”. A D. Patiana sorriu e disse “é para isso que trabalhamos, queremos uma oportunidade para todos, ainda que diferentes na igualdade da nossa espécie”. O Patusco acrescentou: “eu não quero estar contente só com a Patufa e com os que são iguais a mim, quero brincar com os outros também!”. E D. Patonga afagou-lhe a cabeça com um ar vaidoso pelo seu pupilo.


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FONTE:http://dialogoeducacao.blogspot.com/search/label/Inclus%C3%A3o
Acessado em 11/11/2009

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